12/08/08

Portagens nas Áreas Protegidas

Caro Miguel,
Ainda na sequência da última troca de mensagens.
Só depois de ter enviado a m/ mensagem, sobre o assunto referido, é que reparei que não respondi explicitamente às quatro questões concretas que me colocas como "alguém que representa uma ONGA com assento na CPADA".
De qualquer forma, também não o poderia fazer porque as associações que represento na CPADA nunca tomaram posição sobre essas questões e as minhas posições na AMBIO são apenas a título pessoal, não comprometendo qualquer das entidades a que esteja ligado, a menos que, explicitamente, eu evoque outro estatuto, o que não tem sido o caso, quanto me lembro.
De qualquer forma, e sempre a título individual, posso adiantar que (respondendo genericamente, sem entrar nos detalhes de cada questão posta), considero que cada Área Protegida (e mesmo adentro de cada zona de cada Área) é um caso em que importa ponderar a situação, quanto às portagens e seu funcionamento.
Por exemplo, não estou a ver colocar uma portagem para toda a Área Protegida da Ria Formosa, ou do Sudoeste Alentejano, ou da Serra de Aire e Candeeiros, etc. Mas admito que talvez haja sítios específicos em que se justifique.
No caso da Serra de Aire e Candeeiros, por exemplo, não me parece viável o estabelecimento de portagens para os peregrinos que vão a Fátima (que já se fartam de pagar portagens nas auto-estradas, promessas, etc.), embora reconheça que fosse muito útil para os cofres do ICNB. Mas, adentro dessa Área Protegida, até há sítios onde acho muito bem que se cobre uma portagem (ou entrada, como lhe queiram chamar), como é o caso das Grutas de Santo António, por exemplo, como eu já paguei, quando as fui visitar. Mas isso não significa que se deixe lá entrar toda a gente, ao livre arbítrio de cada um, ao mesmo tempo, só porque se pagou uma portagem/entrada. Há regras de bom senso estabelecidas, nomeadamente quanto ao número de pessoas para cada visita, o tempo de permanência, etc. Caso contrário, onde já iam aquelas e outras grutas!...
O mesmo se diga das entradas nos Museus, Cinemas, Restaurantes, Estádios de Futebol, etc. Há limites para as estruturas suportarem pressões, nomeadamente "pressões humanas".
Ora era esses limites que eu gostava de ver impostos na Mata da Albergaria, pois foi para isso que lá se instalaram as portagens. Limites esses que não têm existido com o sistema de portagens pagas, porque, o objectivo passou a ser a cobrança de euros para os cofres do PNPG/ICNB/ESTADO. E, nesta perspectiva, quantas mais viaturas lá entrarem e andarem, por dia, melhor para a cobrança! O que é a total subversão da finalidade para que foram lá postas as portagens.
Nestas condições, não haverá Mata de Albergaria que resista.
Espero que tal não aconteça e que volte o bom senso para repor as portagens no caminho para que foram criadas.
Cumprimentos.
Manuel Antunes

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